Project Description

Esta antiga propriedade da poderosa Ordem de Cristo, cujo edifício nobre foi construído em 1619, apresenta numa sala que teria sido Capela, as paredes totalmente cobertas de azulejos, sendo o quarto inferior guarnecido com azulejos enxaquetados de caixilho em azul e branco, e os três quartos superiores revestidos de azulejos «ponta de diamante». O esquema enxaquetado, semelhante ao já observado no corredor de ligação entre o Claustro do Cemitério e o Coro do Convento de Cristo, prolonga-se para fora desta sala, nas escadarias e na grande galeria que dá acesso à magnífica «loggia» maneirista que é o ex-libris da propriedade.

A grande obra de Frei António não ficou nos edifícios funcionais renascentistas nem nas famosas empreitadas do Convento, entregues a João de Castilho: amante da Arte e bom financeiro, dedicou-se também à compra e organização e embelezamento de Quintas, algumas das quais como Sete Montes, Prado, Cardiga e Granja ainda hoje são famosas.

Localização

39.645306275429945, -8.410139819043524

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Lá diz o nosso Pedro Álvares:

 

«Adquiriu e houve o dito Frei António por títulos de compras e escambos uma grande e honrada Granja que estava a um quarto de légua desta Vila, Rio acima, onde se chama a Pedreira, a qual começa em um Casal da Mesa Mestral que se chama de Meia Via, que foi aforado a Gil Pires Colaço e a sua mulher em vida de 3 pessoas, em que a derradeira foi seu filho Rui de Abreu; do qual El-Rei fez doação ao Convento, a instâncias de Frei António de Lisboa, por carta de 3 de Maio de 1531.

Ao redor deste Casal, por compras e escambos, adquiriu Frei António outros Casais, terras e olivais, em que ajuntou e fez esta Granja, e a mandou cercar de pedra em redor, salvo da banda que entesta o Rio, cuja demarcação é a seguinte:

Começa às casas de Nuno Amado, bem à foz do regato, e vai pelo Rio acima até ao Ribeiro que vem do Arrife; e daqui deixa o Rio e vai pela dita Ribeira acima, até à foz do Espinheiral; e daí à Portalinha dos Algares, e para sul à Portela da Manga, daí para poente ao Outeiro dos Algares, acima da Ponte de Paio Nunes, daquém da Ribeira; vai ao Outeiro da Feira, vai às terras de Pero Vás e volve para sul, e vai ao longo do Ribeiro até acabar no Rio, na foz do Ribeiro (perto dos Sases ou das Canas).

Em o vale que corre do Ribeiro da Fonte que vem de Paio Nunes, a um tiro de pedra do Rio, mandou fazer o dito Padre Frei António um grande cerco de paredes de pedra e cal da altura de mais de braça da craveira, para dentro dele, fazer pomar e vinha, pelo meio da qual corre a água do dito Ribeiro, ao longo do caminho que vai do Prado ao Convento.

E logo pegado com esta cerrada, da banda do sul, em um outeirinho pelo pé do qual vai o caminho da Vila para o Prado, mandou fazer o dito Padre Frei António, um assento de casas com seu Oratório, cercado de outro cerco de parede de pedra e cal, da mesma altura. Tem seu portal de entrada por onde podem entrar carros da banda do sul, e o assento de casas está e fica dentro do cerco da vinha e pomar, com que parte.
Os escambos fizeram-se de 1531 a 1543.”